09/08/2017

Testemunhar e encantar-se pelo Reino: experiência missionária em Guaraqueçaba/PR

Como partilhar em breves linhas o que pudemos contemplar com nossos olhos, sentir com o coração ao tocar a realidade dos/as jovens, das famílias de Guaraqueçaba nos dias 17 a 30 de julho? O Retiro Paroquial de Jovens, que teve como tema “Juventude com Maria, impelidos pelo Espírito para a missão” e lema “Eis-me aqui! Envia-me!” foi um momento único. Sentando-nos junto aos/às jovens, os/as ouvíamos dizer:  “estávamos contando os dias no calendário. Cada dia que passava, sentíamos o coração pulsar ainda mais forte pelo momento esperado. Enfim, chegou!”

 

O Retiro iniciou-se se com a chegada dos/as jovens que vinham de embarcação maior ou de voadeiras, provindos/as das mais diversas ilhas que pertencem à Paróquia Senhor Bom Jesus dos Perdões. Em seguida, as famílias acolheram estes/as jovens em suas residências, criando vínculos de amizade e de carinho; tornaram-se pais e mães afetivos.

 

Na sequência, nos reunimos na pequena capela, mas com um espaço magnífico. A natureza ao redor se abria numa noite acalentadora; o retiro iniciou-se com a Celebração Eucarística, centro e ápice da nossa fé, seguida por um jantar preparado pelas famílias no salão paroquial. Para fortalecer os laços de amizade e acolher a todos/as, foi realizado o Luau do Reencontro, um momento onde cada jovem pode se sentir em casa, cantar, dançar; um momento de descontração e alegria.  E logo já era hora de dormir, pois já passava das 23h30.

 

No dia seguinte, o sol brilhou mais forte contribuindo, assim, para que as formações e vivências pudessem ser realizadas ao ar livre; um pouco frio, mas com o coração aquecido pelo reencontro. No período da manhã, os/as jovens tiveram momentos da preparação para o sacramento da Confissão. Oportunizou-se, também, uma reflexão breve sobre o Carisma Vicentino na celebração dos 400 anos, já os/as preparando para uma tarde missionária. Já que o Carisma Vicentino é ter os pés no chão, fomos para a missão!  

 

Logo após o almoço, os/as jovens viveram essa experiência missionária, visitando as famílias na Ilha Rasa e nas ilhas vizinhas; uma experiência muito forte para cada um/a deles/as. Finalizamos o dia com momentos de oração e adoração.

 

No domingo, último dia, os/as jovens foram conduzidos a uma reflexão sobre a importância de pertencer a um grupo de jovens. Tendo como exemplo Maria, discípula e missionária, promovemos um bate-papo a partir daquilo que trazemos de casa: a nossa devoção mariana. Partindo para o final deste encontro que já deixava saudades, realizamos momentos de partilha de vida, gincana e atividades extras.

 

Enfim, era hora de voltar para nossas localidades. O vento forte agitava as ondas que escondiam na imensidão do mar os pequenos barcos que levavam aqueles/as jovens/as de voltam às suas realidades, cheios/as de alegrias, entusiasmo e encanto pelo Reino.

 

Estávamos em uma equipe de 14 membros. Na segunda-feira, alguns voltam para seus trabalhos e outra equipe permaneceu na cidade para uma semana de missão, sendo essa outra experiência incrível. Éramos quatro Irmãs Filhas da Caridade e quatro seminaristas da Congregação da Missão, juntamente com jovens da comunidade.

 

Nesta semana pudemos fazer a experiência de depender totalmente da natureza. Para realizar nossos trabalhos, tínhamos que esperar a maré subir para que os barcos pudessem navegar em segurança. Voltávamos à noite devido a maré estar mais alta; mas, se estivesse ventando, não era possível devido a leveza do barco. Mesmo assim, foi possível estar com a comunidade; visitamos as famílias nas ilhas, realizamos momentos de formação com os grupos de jovens e idosos, visitas nas escolas, hospitais e unidades de saúde.

 

As visitas nas famílias nos questionaram. Muitas realidades de falta de acesso aos direitos básicos. Muitos/as jovens se sentem desanimados/as pela precarização dos estudos, sem perspectivas de vida e de trabalho. A convivência com a comunidade nos desafiou a olhar a realidade e acolhê-la em sua totalidade. São 33 comunidades entre ilhas e continentes; há somente um padre para os atendimentos de todas estas comunidades; não há secretaria paroquial, tudo é o pároco que faz; a falta de lideranças dificulta a autonomia da paróquia; há uma grande diversidade de religiões, o que torna necessário e desafiante um diálogo ecumênico.

 

Os desafios encontrados na organização, no deslocamento, o medo e a insegurança dos barcos, caiam por terra ao ver tanta alegria que invade o coração dos/as jovens e das famílias que esperaram por este momento. No vento tocando forte em alto mar, a canoa a motor que não oferecia muita segurança, nos levou a este encontro inesquecível. É impossível poder explicar ou apenas transcrever o que a missão nos proporciona.

 

Ir. Geovani de Fátima Domingues

Serviço de Animação Vocacional Vicentino – Província de Curitiba

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