26/06/2017

Salvador acolhe o XIV Encontro Nacional da Família Vicentina

Contra as pobrezas, agir juntos! Este foi o tema que suscitou grande interesse aos animadores dos doze ramos da Família Vicentina (Famvin), representados por setenta pessoas que se fizeram presentes ao evento realizado nos dias 14 a 18 de junho de 2017, com destaque à colaboração na Família Vicentina e Mudança Sistêmica.

 

Impulsionados/as pelo Carisma que nos destina aos Pobres, atentos/as aos desafios do mundo atual “Eu era estrangeiro, e me acolhestes” (Mt 25,35) fomos provocados/as por reflexões diversas. Pe. Aarón Gutiérrez Nava, Assistente Geral da Congregação da Missão (CM) desenvolveu a temática Construção de um novo paradigma para a FAMVIN, sob as luzes dos 400 anos do Carisma Vicentino.

 

Na verdade, o acontecimento foi uma expressiva “celebração dos 400 anos transcorridos depois daquele 1617, ano em que São Vicente viveu experiências que transformaram sua vida e, sem dúvida alguma, a vida daqueles que se unem pela vivência de sua espiritualidade”, conforme salienta Pe. Nava. Segundo  ele, o fato de o ‘vicentinismo’ perdurar por 400 anos é uma obra do Espírito Santo: “Nada disso é obra nossa, porque se fosse, não seria um carisma. Foi o Espírito quem deu seus dons e administrou o Carisma Vicentino durante todo esse tempo”.

 

A partir do Espírito que suscitou o carisma, tais experiências nos evocam a permanente preocupação de Deus pelos Pobres. Experiências que nos convidam a fazer nossa a preocupação e responsabilidade de levar o pão da fé, do amor e da esperança, com o pão necessário para nutrir sua vida, no compromisso de amar afetiva e efetivamente os Pobres, em seu modo de viver e organizar a caridade.

 

O Ir. Agenor de Lima, da Ordem dos Religiosos de São Vicente de Paulo, contribuiu refletindo o tema e lema das comemorações dos 400 Anos do Carisma Vicentino - “Contra as pobrezas, agir juntos” e “Eu era estrangeiro e me acolhestes”. Ele relembrou os dramas dos refugiados sírios, dos haitianos, venezuelanos e de outros povos que, ao deixarem a terra de origem, tornam-se estrangeiros e são muitas vezes marginalizados: “Essas pessoas, eram médicos, engenheiros, advogados; tinham família constituída. Só saíram de sua pátria em busca de sobrevivência”. Convocou os membros da Família Vicentina para que acolham todos os peregrinos que chegam ao Brasil e que os ramos se mobilizem para que, juntos, sejam mais eficazes nos trabalhos de auxílio e promoção dos estrangeiros: “Precisamos acolhê-los e aprender a respeitar a cultura e história deles. Não podemos impor a eles o nosso modo de vida. Não podemos permitir que essas pessoas sejam colocadas nas ruas como se fossem lixo e que nem continuem morrendo no mar”. E conclui, exortando: “Precisamos lutar para que não mais existam estrangeiros, porque somos todos filhos de Deus e não há diferença entre nós. Não existe mais o estrangeiro, existe só o irmão”.

 

O tema Colaboração na Família Vicentina foi assunto da formação do Pe. Joe Agostino (CM), coordenador do Escritório Internacional da Família Vicentina, na Filadélfia/EUA. Ele pediu: “Precisamos crescer em nossos esforços colaborativos. Não podemos ser vicentinos se não queremos colaborar. A colaboração faz parte do trabalho”. Na prática, a colaboração significa a soma de esforços pelo bem dos Pobres. Padre Joe citou exemplos de regiões no mundo que vêm trabalhando juntas e conseguindo bons resultados, a exemplo da Eslováquia, Filipinas e nos Estados Unidos, onde um grupo formado por Filhas da Caridade, membros da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) e integrantes da Juventude Mariana Vicentina (JMV) estão desenvolvendo um projeto de assistência à população penitenciária. Padre Joe ainda incentivou que na Família Vicentina sempre exista o Câmbio Sistêmico, termo usado para definir as doações financeiras feitas de um Ramo para outro quando o segundo estiver passando por dificuldades. Anunciou que no mundo existem cerca de cento e cinquenta ramos da Família Vicentina.

 

O tema Colaboração continuou em alta na fala do Pe. Alexandre Nahass Franco (CM). Ele relembrou que o próprio Vicente de Paulo trabalhava em espírito de cooperação com outros ramos. Citou as ações desenvolvidas pelas galés, que era a população carcerária da França de 1621. As galés eram condenadas a remar embarcações e viviam em condições desumanas. Vicente reuniu as Filhas da Caridade e as Damas da Caridade (atual AIC - Associação Internacional de Caridades) para prestarem assistência aos condenados. “O nosso carisma é permeado por uma ação por meio de projetos de colaboração da FV, e a união supõe o fortalecimento no serviço aos Pobres”, infere. Por fim, enalteceu que os membros da Família Vicentina precisam empenhar-se em suscitar na sociedade pessoas vocacionadas para os trabalhos com os Pobres.

 

A Primeira articulação da FV aconteceu há quase 40 anos, e no encerramento, Pe.  Joelson Sotem, coordenador nacional da Famvin, apresentou o novo Conselho Nacional, que atuará até  2019, quando será realizado o XV Encontro Nacional em Brasília.

 

Um feito histórico aconteceu em Salvador - o I Fórum da Família Vicentina, que reuniu cerca de 250 pessoas, todas de instituições criadas por São Vicente de Paulo ou que foram por ele inspiradas. No Brasil, a AIC iniciou as atividades em Salvador e, por isso, a capital foi a sede do evento.

 

A primeira ação concreta do Encontro Nacional da Família Vicentina, é uma carta aberta dirigida a toda sociedade, em que repudia o descaso com os pobres, a corrupção e outras mazelas sociais. A íntegra desta carta pode ser conferida aqui

 

Deus seja louvado por mais este encontro; assim reforçamos nossa fé e a exemplo de São Vicente e Santa Luisa de Marillac, com a graça de Deus, buscaremos vivenciar profundamente a presença viva do Verbo Encarnado em nossos irmãos Pobres na vivência de nossa Espiritualidade Vicentina. Expressamos nossos agradecimentos à Ir. Leonides e seu Conselho que nos proporcionaram este tempo de estudo, reflexão e partilhas, junto aos diversos ramos da Família Vicentina no Brasil.

 

 

Ir. Romilda Maria Paludo

Ir. Bernadete Valenga

Ir. Deonice Garcia